Ergonomia é uma ciência que trata da organização do ambiente laboral visando à segurança e à saúde do ser humano. A avaliação ergonômica dos postos de trabalho é uma área ainda em processo de evolução. Os conceitos ergonômicos no cenário atual brasileiro abrangem, em sua maioria, aspectos antropométricos e de condições ambientais, sendo ainda incipientes sob a ótica cognitiva, que abrange os processos mentais, como percepção, memória e raciocínio. Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia, esse tópico de estudo deve avaliar também a carga mental de trabalho, a tomada de decisão, o desempenho, a interação homem-máquina e o estresse, entre outros fatores. Conhecendo a importância desses conceitos percebe-se que são fundamentais, principalmente em ambientes laborais complexos e, por isso, o ramo escolhido para o estudo de caso foi o offshore. Trabalhando mais de dez anos em fiscalizações de Saúde e Segurança laboral nos mais diversos ambientes, observa-se que há necessidade de uma abordagem mais específica na análise dos aspectos cognitivos dos trabalhadores da indústria de petróleo e gás. O risco de graves acidentes é inerente e os trabalhadores passam toda a temporada de embarque laborando e vivendo seu tempo de folga sob essas condições de confinamento e isolamento, uma vez que não é possível retornar para casa ao fim da jornada diária. A intenção da pesquisa é a adaptação de uma ferramenta, no caso, a técnica Bowtie, associada a fatores humanos e aspectos cognitivos, para que possa ser utilizada na análise da tarefa. Assim, através de uma metodologia de baixa complexidade, esta abordagem poderá começar a ser aplicada nos estudos de segurança das plataformas de petróleo e gás, preenchendo uma lacuna que, cada vez mais, precisa ser sanada.Espera-se que este exemplo impulsione a elaboração, ou adaptação, de novas ferramentas, a serem implementadas na análise de segurança das plataformas petrolíferas, visando maior segurança e conforto na realização das atividades, não sendo mais o trabalhador visto como “problema” dentro da complexidade do sistema, por ser aquele que costuma errar e falhar sempre, o que normalmente se vê nas investigações de acidentes, onde a maioria das causas é atribuída a atos inseguros. E, a médio prazo, que a jornada dos profissionais que atuam nas unidades petrolíferas offshore seja cada vez mais confortável, saudável e segura, como toda vida deve ser.